quinta-feira, 4 de março de 2010

CIENTIFIZAÇÃO DO ÓBVIO



Toque de alguém querido ajuda a aliviar a dor e reduzir o estresse.

Psicólogos sempre estudaram os gemidos e olhares da comunicação não-verbal, os tons vocais e expressões faciais que carregam emoções. Um tom de voz ameno, uma encarada hostil – ambos possuem o mesmo significado em Terre Haute ou Timbuktu, e figuram entre os vários sinais que formam um vocabulário humano universal.



Nos últimos anos, entretanto, pesquisadores começaram a focar num tipo diferente de comunicação sem palavras, muitas vezes mais sutil: o contato físico. Toques breves, segundo eles – seja um vivaz cumprimento, uma mão apoiadora no ombro ou um toque apavorante no braço –, podem comunicar uma gama ainda mais ampla de emoções do que gestos e expressões, e algumas vezes o fazem com mais rapidez e precisão do que palavras.


“É a primeira linguagem que aprendemos”, afirmou Dacher Keltner, professor de psicologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e autor de “Born to Be Good: The Science of a Meaningful Life” (Norton, 2009), e segue sendo, segundo ele, “nossos meios mais ricos de expressão emocional” através da vida.


As evidências de que tais mensagens podem levar a mudanças claras – e quase imediatas – em como as pessoas pensam e se comportam estão se acumulando com rapidez. Estudantes que receberam um toque de apoio nas costas ou braço, por um professor, demonstraram quase o dobro de chances de se voluntariar na sala do que os outros, estudos descobriram. Um tapinha simpático de um médico deixa as pessoas com a impressão de que a consulta durou o dobro do tempo, em comparação a estimativas de pessoas que não foram tocadas.


Uma pesquisa de Tiffany Field, do Instituto de Pesquisa do Toque, em Miami, descobriu que uma massagem de alguém amado pode não só suavizar a dor, mas também acalmar uma depressão e fortalecer um relacionamento.


Numa série de experimentos conduzidos por Matthew Hertenstein e psicólogos da Universidade DePauw, em Indiana, voluntários tentaram comunicar uma lista de emoções tocando um estranho vendado. Os participantes conseguiram comunicar oito emoções distintas, de gratidão e aversão a amor, alguns com quase 70% de exatidão.


“Costumávamos pensar que o toque só servia para intensificar as emoções comunicadas”, afirmou Hertenstein. Mas isso acabou sendo “um sistema de sinalização muito mais diferenciado do que havíamos imaginado”(...).

Por Benedict Carey, The New York Times

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