domingo, 14 de março de 2010

O TRABALHO QUE ADOECE


Falta de autonomia, cobrança de resultados e extremo desgaste físico e mental. Com um mundo tão competitivo, é necessário haver maior intervenção dos psicólogos. A saúde do trabalhador vai mal. E o ambiente profissional é o principal detonador das enfermidades. Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que em todo o mundo 160 milhões de pessoas sofrem de males associados ao trabalho. Pelo menos 2,2 milhões de indivíduos morrem por ano em decorrência de doenças laborais e acidentes provocados pelas más condições de trabalho. Entre as enfermidades estão transtornos mentais (como depressão, ansiedade e síndrome do pânico), distúrbios osteomusculares (caso da Lesão por Esforço Repetitivo, a LER),


cardiopatias, dores crônicas e problemas circulatórios. As categorias mais afetadas são as dos bancários, professores, profissionais de telemarketing e do comércio, motoristas de ônibus, controladores de vôos e trabalhadores da saúde.

Na opinião dos especialistas, vários fatores contribuem para esse adoecimento coletivo, tais como péssimas condições de trabalho, falta de segurança e autonomia e exposição freqüente a situações de extremo desgaste físico e mental, provocados pela necessidade de cumprir metas. Esse cenário tem levado o indivíduo a viver uma luta frenética e desigual (...)

As transformações introduzidas nos últimos anos nos processos de trabalho, que geram maior competitividade e ansiedade, contribuíram para o sofrimento psíquico de homens e mulheres. Além disso, a pressão por qualificação é transferida individualmente para as pessoas e está associada ao conceito de empregabilidade. "Não causa surpresa que palavras como guerra, sobrevivência, luta e combate sejam freqüentes nos locais de trabalho.

Segundo a médica do trabalho Anadergh Barbosa Branco, pesquisadora da Universidade de Brasília, com a evolução tecnológica e a degradação das condições de trabalho nas últimas décadas, o homem passou a assumir várias atividades ao mesmo tempo, o que o obrigou a adotar jornadas dupla ou tripla para não ser superado pela máquina. "As empresas conhecedoras dessas 'fraquezas' optam pelo trabalho por produção, por metas, bancos de horas e alternativas pouco saudáveis", explica. Anadergh é autora de um estudo que revelou que a depressão é a doença que mais afeta os trabalhadores. A pesquisa foi feita com base nos benefícios concedidos pelo INSS entre 2000 e 2004. O resultado mostrou que 48,8% dos que se afastaram por mais de 15 dias apresentaram distúrbios mentais e somáticos(...)

Faltam serviços especializados para atender a essa demanda. Nos casos mais graves (...) são encaminhados para os hospitais mantidos pelos governos. Dificilmente os profissionais de saúde dessas instituições reconhecem a relação de certas patologias com o trabalho. Segundo Maria da Graça, da UFRGS, é fundamental levar em conta essa associação. "O psicólogo deve estar sensibilizado e qualificado para o diagnóstico e a identificação dos nexos causais entre a saúde e o trabalho", reforça.

Contribuição de Revista Psicologia: Ciência e Profissão, Ano 4 - nº 5. Dezembro de 2007. 16 de janeiro de 2008.

Quando li este artigo, vi que não traz nada de novo.Mas é importante que continuem sendo realizados estudos correlacionando trabalho e adoecimento físico e mental.

O que me assusta são os profissionais de saúde (médicos, psicólogos, assistentes sociais, etc) que aderem ao sistema taylorista e competem entre si, tornando-se algozes e vítimas daquilo que deveriam saber detectar e prevenir: as doenças causadas por um modus operandi de um sistema trabalhista que é perverso e competitivo.Quem é profissional de saúde deveria – em tese- reconhecer quando seu trabalho se torna insano.Não é o que vejo acontecer na prática. Muitos profissionais de saúde aderem ao sistema perverso do trabalho, visando manter seu status quo (traduzindo: sendo “puxa-saco” ) e “que se dane o colega”.


Alguém pode me chamar um padre, por favor?


Nota do ANJO: O Taylorismo é uma teoria criada pelo engenheiro Americano Frederick W. Taylor (1856-1915) que a desenvolveu a partir da observação dos trabalhadores nas indústrias. O engenheiro constatou que os trabalhadores deveriam ser organizados de forma hierarquizada e sistematizada, ou seja, cada trabalhador desenvolveria uma atividade específica no sistema produtivo da indústria (especialização do trabalho). No taylorismo, o trabalhador é monitorado segundo o tempo de produção, cada indivíduo deve cumprir sua tarefa no menor tempo possível, sendo premiados aqueles que se sobressaem, isso provoca a exploração do proletário que tem que se “desdobrar” para cumprir o tempo cronometrado.

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