quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A OUTRA DIMENSÃO DA DOR HUMANA.

Sou do tempo em que tristeza era curada com um pequeno pedaço de goiabada com queijo, mas hoje não.Qualquer tristezazinha já tem que ser medicada com comprimidos que entorpecem a alma.Eu já disse para Liana não dar ouvidos ao médico que ela arrumou para curar a sua depressão.Coisa mais esquisita.Só porque está um pouco ansiosa, fato normalíssimo na vida humana, já foi diagnosticada como deprimida.Tristeza agora tem outro nome?



(...) Sou do tempo em que o mingau de fubá era a primeira refeição do dia.Antes, a vida demorava para acontecer.A confecção de um vestido cumpria os passos de um ritual (...). Hoje, não.Olha na vitrine e leva.Não há espaço para a espera que nos permite ocupar a mente.Os sabores não demoram em nós. (...).Deleite prolongado talhando a alma, tal qual a tesoura talha o tecido.A costura, os bordados, os reparos.O todo constituído de partes que nos ensinavam a saborear o período de esperas.

Sou do tempo em que tristeza era curada  com uma mala de roupa para lavar.O sabão era a espuma, sugerindo limpeza.Por dentro e por fora.A mesma água lavando sujeiras diferentes, alvejando roupas e alma num mesmo movimento.Tanque cura tristeza (...).

Sou do tempo em que jardim não era artigo de luxo.Cada família cultivava o seu.Hoje arrumaram até paisagistas para darem jeito nas feiúras do mundo.Solução fácil não existe.Cada um deveria cuidar da feiúra mais próxima.

Acho que esttou ficando triste, ou deprimida, não sei.- "Rosilene, minha filha, me traz um pedaço de goiabada com queijo, minha filha!"

Fábio de Melo em Mulheres de Aço e de Flores, Editora Gente.

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