
(...) Sou do tempo em que o mingau de fubá era a primeira refeição do dia.Antes, a vida demorava para acontecer.A confecção de um vestido cumpria os passos de um ritual (...). Hoje, não.Olha na vitrine e leva.Não há espaço para a espera que nos permite ocupar a mente.Os sabores não demoram em nós. (...).Deleite prolongado talhando a alma, tal qual a tesoura talha o tecido.A costura, os bordados, os reparos.O todo constituído de partes que nos ensinavam a saborear o período de esperas.
Sou do tempo em que tristeza era curada com uma mala de roupa para lavar.O sabão era a espuma, sugerindo limpeza.Por dentro e por fora.A mesma água lavando sujeiras diferentes, alvejando roupas e alma num mesmo movimento.Tanque cura tristeza (...).
Sou do tempo em que jardim não era artigo de luxo.Cada família cultivava o seu.Hoje arrumaram até paisagistas para darem jeito nas feiúras do mundo.Solução fácil não existe.Cada um deveria cuidar da feiúra mais próxima.
Acho que esttou ficando triste, ou deprimida, não sei.- "Rosilene, minha filha, me traz um pedaço de goiabada com queijo, minha filha!"
Fábio de Melo em Mulheres de Aço e de Flores, Editora Gente.
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