quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Terremoto de 7 graus abala capital do Haiti e afeta base militar brasileira

Testemunhas em Porto Príncipe relatam várias mortes e queda de dezenas de edifícios, incluindo a sede da presidência.


Damaris Giuliana, com Reuters, AP e Afp
PORTO PRÍNCIPE

O terremoto de 7 graus na escala Richter que atingiu Porto Príncipe, capital do Haiti, ontem deixou diversas pessoas feridas, incluindo militares brasileiros. Até as 23 horas, não havia informações sobre mortos. Muitos prédios ruíram, entre eles, o Palácio Nacional (sede do governo), o principal hospital e os Hotéis Montana - onde mora o general brasileiro que comanda o braço militar da missão - e o Cristopher, utilizado como sede da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah).



O chefe de comunicação social do batalhão brasileiro da força de paz, Coronel de Exército Alan Sampaio Santos, disse ao Estado, por telefone, que a cidade estava às escuras e confirmou que havia um número ainda não determinado de pessoas sob ruínas de instalações da ONU. "Existem militares e civis nos escombros, particularmente nos prédios da missão. Não temos o número de baixas. Mandamos vários comboios para os locais de desmoronamento, mas o trabalho vai durar a noite inteira. O comandante da força estava no Brasil e está se deslocando para cá. Estamos tentando restaurar a telefonia celular e a internet.


Santos acrescentou que a circulação na área estava comprometida. "Atendemos muitos feridos, mas chegamos no nosso limite. O hospital argentino também chegou no limite. Esta noite, eu estive em Cité Soleil e é muito difícil avaliar os danos. A gente não tem como avaliar. Ruiu uma parte do Forte Nacional e o acesso é complicado. Existem pessoas soterradas, mas não sabemos quantas. Com certeza nós perderemos alguns militares e haitianos também", disse o porta-voz.

Até o começo da madruga de ontem no Brasil, não havia informações sobre cifra de mortos ou feridos, mas testemunhas falavam em "dezenas de vítimas". Um alerta de tsunami foi emitido para a região do Caribe, mas foi retirado horas depois. O tremor foi sentido com intensidade na República Dominicana - que divide com o Haiti a Ilha de Hispaniola, no Caribe - e em Cuba.


O abalo - que ocorreu às 16h50 locais (19h50 de Brasília) e foi seguido por duas fortes réplicas, cujas magnitudes superaram os 5,5 graus na escala Richter - teve seu epicentro no distrito de Carrefour, 22 quilômetros a oeste de Porto Príncipe.

Um jornalista do canal Haitipal disse por telefone à France Presse que o Palácio Nacional e os prédios dos Ministérios de Finanças, Trabalho, Comunicações e o Palácio de Justiça haviam desmoronado, assim como o Parlamento e a Catedral de Porto Príncipe. A ONU informou que sua representação no Haiti também foi destruída e havia numerosos funcionários desaparecidos.


Um repórter da agência Reuters, Joseph Guyler Delva, disse ter visto dezenas de mortos e feridos entre os escombros, que bloquearam várias ruas da capital. Segundo o repórter, pessoas em pânico tomaram as ruas, escavando desesperadamente entre as ruínas em busca de parentes soterrados em meio à escuridão que tomou conta da cidade. "As pessoas gritavam "Jesus, Jesus" e corriam em todas as direções", disse.



Em entrevista à CNN, o embaixador do Haiti nos EUA, Raymond Joseph, pediu ontem ajuda internacional e disse que os danos do tremor podem ter "proporções catastróficas". "A única coisa que posso fazer é rezar e confiar que o pior não aconteça", declarou, abalado. Ele acrescentou que o presidente René Préval e a primeira-dama estão a salvo. Vários países se comprometeram a enviar ajuda, entre eles EUA, França, Colômbia e Venezuela - que despachou um navio com suprimentos.


Foto acima:soldados brasileiros trabalham em frente à sede destruída da missão. (Foto: Eduardo Munoz/Reuters)


A IMPORTÂNCIA DA MISSÃO MINUSTAH

A Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti ou MINUSTAH (sigla derivada do francês: Mission des Nations Unies pour la stabilisation en Haïti), é uma missão de paz criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 30 de abril de 2004 por meio da resolução 1542, para restaurar a ordem no Haiti, após um período de insurgência e a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide.


Os objetivos da missão são principalmente:

1. Estabilizar o país.

2. Pacificar e desarmar grupos guerrilheiros e rebeldes.

3. Promover eleições livres e informadas.

4. Formar o desenvolvimento institucional e econômico do Haiti


Breve histórico do Haiti

O Haiti ocupa o terço oeste da Ilha Hispaniola - segunda maior ilha das Grandes Antilhas - no Mar do Caribe. A República Dominicana ocupa os outros dois terços dessa ilha. O País possui superfície de 27.750 km² e seus limites são: Oceano Atlântico ao Norte, República Dominicana a Leste, Mar do Caribe ao Sul e passagem de Sotavento a Oeste

Sua capital é Porto Príncipe e o francês e crioulo são os idiomas oficiais. O catolicismo constitui-se na religião oficial mas a influência africana é marcante em práticas místicas como o vodu. Predomina o clima tropical e a hora local é de menos 02 h em relação à Brasília. Seu relevo é montanhoso e a agricultura - base da economia - ocupa vales e planícies costeiras.

O Haiti foi o primeiro país de maioria negra a conquistar a libertação dos escravos, em 1794, e a independência, em 1804. Entretanto, é o país mais pobre da América Central.




Considerando que a situação no Haiti ainda constitui ameaça para a paz internacional e a segurança na região, o CS decidiu estabelecer a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), que assumiu a autoridade exercida pela MIF em 01 de junho de 2004. Para o comando do componente militar da MINUSTAH (Force Commander) foi designado o General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, do Exército Brasileiro.

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