quinta-feira, 5 de julho de 2007

Consumismo


Até que ponto somos viciados em nossos confortos mundanos? Ao extremo. Em primeiro lugar, existem coisas convencionalmente viciantes. Se você for viciado em nicotina ou álcool, conhece bem o significado do vício. Podemos também ser viciados em drogas receitadas por médicos, sexo, tranquilizantes, moda e experiências.O vício automobilístico é particularmente extenuante. O custo da manutenção dos carros é, com freqüência, muitas vezes mais alto do que o próprio custo inicial do carro. O custo do combustível, do óleo, do seguro, do pedágio, o custo da assistência médica para curar feridos em acidentes, o custo total do vício automobilistico gira em torno de trilhões de dólares.Roupas, aparelhos eletrônicos, diversão - nossos olhos, ouvidos e mentes são incitados constantemente a adquirir no-vas máquinas a fim de participar de grandes redes e comunidades de consumo.A questão é que, em nossa busca eterna de estímulos externos, desperdiçamos e consumimos sem nos satisfazermos. Quando um novo carro nos tornou permanentemente felizes? Um novo amante? Uma roupa nova? O prazer é tão fugidio quanto o desejo original de consumir, fazendo com que nos voltemos cada vez mais para o exterior. A chave para acabar com esse ciclo é descobrir a fonte de descontentamento e entender que ela nunca secará. Quando pararmos de trabalhar para o chefe que nunca se satisfaz, poderemos então apreciar ou desfrutar de algo sem o sofrimento de sua futura e inevitável perda, sem o desejo urgente de ter mais - em outras palavras, sem dependência. Dessa maneira, é possível ter a experiência do verdadeiro prazer. Essa é a versão interior da revolução tranqüila.

5 comentários:

Anônimo disse...

Procuramos em fatores esternos algo para saciar nossas frustrações, quem tem grana compra oq pode, quem não tem enche a cara, é triste mas real!!

Estive aqui e como sempre amei!!
beijos
http://d-saltoalto.blogspot.com/

Pensador Louco disse...

Barker escreveu, em um de seus contos, que "essa é a sina da fera, comer e ser comida". E creio que tua excelente postagem tem muito a ver com isso. Consumir para ser consumido. Porcos consomem para serem servidos de jantar.

Houve tempos em que a moeda valiosa no mundo era o indivíduo. Se naquela época houvesse nos bancos as somas exorbitantes que passeiam de lá pra cá atualmente, certamente a fome e miséria do mundo teriam sido terminadas, em prol do indivíduo. Mas hoje em dia a moeda de maior valor é a própria moeda em si, e o indivíduo não passa de um meio para angariá-la mais e mais.

Essa frase do "comer e ser comida" sugere uma simbiose interessante. A felicidade das pessoas não reside mais no ser, mas no ter, no precisar. Sempre falta alguma coisa.

Isso foi muito bem gravado em todos nós. A felicidade é a vontade de ter. A agonia de precisar e o êxtase de adquirir. Estar bem é uma questão de consumir, no presente, mesmo que esse estar bem dure tanto quanto um baque, que trará ressaca e a pergunta inevitável de "por que cargas d'água fiz isso?" Somente para logo depois, como bem doutrinados cordeiros, acharmos que só o que acabamos de comprar não era o suficiente, mas que se tivéssemos só mais um pouco, então estaríamos bem. E por aí vai.

Mas pensar nesses parâmetros é como querer culpar alguém por sermos assim, hoje. É como querer nomear um Sith ou Leviatã. Na verdade, essa prática do consumir atinge a todos. Sem exceções. De religiosos a metrossexuais, de pacatos a belicosos.

Compramos para dar dinheiro a corporações, à minoria aristocrata das cifras, a quem vende. Mas estes últimos também consomem. Angariar capital é consumo, também. Somos todos porcos. Todos somos consumidos, de uma ou outra forma. E se há algum culpado disso tudo, ele é o somatório de todos nós, que alimentamos, juntos, essa engrenagem faminta por mais.

Afinal, quais de nós de bom grado se tornariam Franciscos de Assis para mudar não só aos outros, mas a si próprios?

Obrigado por me linkar, minha amiga. Beijos.

monidibb disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
monidibb disse...

Pensador,

Reflexões muito bem vindas, que só enriquecem.

Aproveito seu comentário para linkar o post do seu blog, imperdível:

http://algoseperdeu.blogspot.com/2007/07/infranet.html

monidibb disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
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