quarta-feira, 13 de junho de 2007

Tráfico de animais no Brasil

Após receber altas doses de tranquilizantes, os papagaios são colocados em tubos de PVC e guardados em malas...poucos sobrevivem e os que vivem essa tragédia sofrem sequelas psicológicas graves, se automutilando depois.




As imagens mostram a crueldade de traficantes. Para que não faça barulho, o papagaio é sedado e escondido em tubos de PVC no fundo de uma mala, sem ar e no calor. Cobras são presas em meias de nylon. Amarradas na cintura ou no tornozelo para serem transportadas pelos traficantes de animais.

O Brasil já responde por 15% do trafico de animais em todo o mundo. É um negócio bilionário. O comércio ilegal de animais silvestres movimentam R$ 3 bilhões por ano no país. Uma ação do crime organizado.

Nesta semana, equipes de reportagens do Fantástico acompanharam fiscais nos principais pontos da rota do tráfico de animais do Brasil.

Tudo acontece como no tráfico de drogas. O transporte é feito por “mulas”, pessoas contratadas para levar os animais para fora do país. Como no narcotráfico, esse tipo de crime também conta com a conivência de empregados de empresas aéreas. Funcionários da imigração e de outros departamentos que fiscalizam cargas em portos e aeroportos brasileiros. A denúncia é de organizações não governamentais. O aeroporto internacional do Rio é uma das principais portas de saída para a rota do tráfico.

Para inibir a ação dos traficantes, a Polícia Federal e a Receita Federal trabalham juntas diariamente em operações na saída e na chegada de vôos internacionais. Os mesmos cães farejadores que inspecionam as bagagens à procura de drogas, também ajudam na procura de animais que estão sendo contrabandeados. A prisão mais recente foi a de um suíço que tentava sair do Brasil, levando dez ovos de arara embalados e amarrados na virilha.

Todas as bagagens despachadas passam por raio x. Nenhum passageiro escapa à revista. São raros os casos de traficantes que conseguem sair do Rio, levando animais ilegalmente, mas eles continuam saindo de outros pontos do país.

Belém do Pará, quatro horas da madrugada, fiscais do Ibama e policiais militares percorrem a orla portuária para flagrar a ação de contrabandistas de animais silvestres. Lá, há tráfico nos barcos que saem da Ilha do Marajó e no interior do Pará.

Nos barcos, os fiscais sempre concentram a ação dentro dos porões, onde, geralmente, animais são transportados de forma ilegal. Quem está com alguma carga suspeita, abandona a mercadoria e vai embora.

Os fiscais encontraram 26 marrecos abatidos dentro de um isopor. Na maioria das vezes, o destino dos animais acaba sendo as feiras do interior e da capital. Não é preciso procurar muito para encontrar carga de animais silvestre, como jacaré e capivara vendidos a qualquer hora do dia.

Em Vitória da Conquista, os traficantes de animais fazem de tudo para passar com a carga ilegal. Em um caminhão, estavam escondidas dezenas de gaiolas com mais de 700 pássaros.

A BR 116, a Rio-Bahia, é uma das rodovias com o maior número de pontos de tráfico de animais silvestres. Só entre Feira de Santana e Milagres, um trecho de apenas cem 100 quilômetros, é possível encontrar jabutis, micos e até papagaios. Crianças vendem um casal de mico por R$ 50, R$ 60. O filho de jabuti por R$ 10 e um casal de papagaios por apenas R$ 50, R$ 60. Os vendedores sabem que o que fazem é proibido por lei.

“Realmente a gente sabe, mas não tem outro meio de vida para a gente aqui na região”, confessa um homem.

Um auxiliar de caminhoneiro se diz interessado em comprar um casal de papagaios. O vendedor negocia o preço e, em seguida, ensina como fazer se o Ibama ou a Polícia Rodoviária Federal parar o caminhão.

De acordo com a polícia, as organizações não governamentais que combatem o tráfico de animais silvestres, a BR 020, que liga o nordeste ao centro-sul do país, é uma das principais rotas desse comércio ilegal. Por lá, passam boa parte dos 38 milhões de animais que são retidos da natureza todos os anos no país.

Cinqüenta e cinco policiais fazem a barreira e param carros, caminhões e ônibus. Procuram animais escondidos. Quando um ônibus que vem do nordeste pára, algum voluntários de organizações não governamentais checam as bagagens, procuram sons dentro das caixas com um estetoscópio. Ao mesmo tempo, outros explicam para os passageiros o motivo da biltz.

“Esses animais são retirados para abastecer o tráfico, que têm várias finalidades. Os animais podem ser utilizados na indústria química, na farmacêutica para pesquisa de novos medicamentos – a biopirataria, usados na medicina tradicional e também para colecionadores particulares e pet shops. Quanto mais raro for o animal, mais ameaçado é o animal, maior é o valor que ele atinge no mercado. Conseqüentemente, mais ameaçado ele se torna porque mais procurado ele é“, explica Dener Giovanni, coordenador da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres.

Mais um número no perverso mundo do tráfico de animais silvestres. A cada dez animais capturados, apenas um chega vivo ao destino final. Tortura e maus tratos sempre fazem parte da viagem criminosa. Todo traficante vai parar atrás das grades. A lei garante aos animais o cuidado que merecem.

A polícia chega. No bagageiro, mais uma apreensão. A arara vermelha foi apedrejada. Está com a asa quebrada. O papagaio levou um tiro na barriga. Um outro se recupera de uma fratura na asa. O tucano, uma das aves mais procuradas pelos traficantes pode não se recuperar.

“Ele tem as penas e as asas cortadas, então, esse animal provavelmente não terá condições de voltar ao seu ambiente natural”, diz uma bióloga.

Quando os animais são criados em cativeiro, eles perdem o instinto selvagem. Foi o que aconteceu com uma anta. Ela foi capturada ainda filhote, foi criada dentro de casa e recebeu até um nome de gente: Tatiana. É tão mansa, que sempre se aproxima querendo um carinho. Jamais poderá ser solta na natureza. Muitos animais tratados no centro de reabilitação se recuperam. Os papagaios seriam vendidos no mercado negro, depois de quase um ano de cuidados, voltaram ao Pantanal. Do ano passado até agora, mais de 700 animais foram salvos e devolvidos à natureza.

Para que esses brasileiros não sejam mais torturados, é preciso que o mundo saiba que a vida não está à venda. Só assim, deixarem de ouvir gritos de dor.

Se você quiser fazer uma denúncia de tráfico de animais, acesse os sites: www.renctas.org.br www.ibama.gov.br www.dpf.gov.br

Ou ligue para o Disque Denúncia do Ibama: 0800 618080.

2 comentários:

Anônimo disse...

feira ilegal de aves e animais silvestres funciona de domingo a domingo em Teresina (pi).Fica entre
as ruas Riachielo e Riachuelo ao la
do do Parque da Bandeira,próximo ao
Rio Parnaíba.Lá aves são escondidas
em buracos dentro de árvores,dentro
de bueiros,dentro de regos,em WC de
lojas veterinárias, dentro de baga
jeiros de carros.Um traficante co
nhecido pelo apelido de "ceará"
lém de atuar no local, possui uma
barraca teoricamente de roupas,den
tro da qual se encontram escondidos
direito a água e comida,as pobres
vítimas. Sou teresinense e me sinto
envergonhada com essa falta de respeito à flora e fauna brasilei
ra no meu Estado.

monidibb disse...

Prezada amiga leitora,

O que mais dói é saber que são animais indefesos.E os pássaros silvestres, como papagaios e araras são inteligentes e sensíveis.Alguns criadouros legalizados acabam recebendo muitos destes animais, vítimas de trafico, quando apreendidos.Muitas destas aves ficam com sequelas físicas e - acredite- psicológicas para o resto da vida.

Faça denúncia anônima, não apenas se envergonhe.Talvez nossos netos não cheguem sequer a conhecer esses belos animais, pois muitos já estão em fase de extinção.

Abraço!

Anjo Azul

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