Fim de tarde.O sol se punha, o tempo era fresco, o vento, suave.
Um ser estranho: sim, ela era um ser estranho.
Ficava a vagar a beira da praia, olhando o mar....mal se dava conta dos transeuntes que por ela passavam: jovens, crianças, casais.
Pensava no futuro: sempre o futuro, com suas incertezas, seus medos e suas inseguranças.
Seu olhar era triste, seu semblante pensativo.Com a tez tensa, mal podia contar os passos na areia e sequer sentia a água do mar que acariciava seus pés, fazendo seu corpo se arrepiar.
Pensava nas perdas e erros do passado ; no medo do futuro: medo de errar, de não ter sorte, de não conseguir, de não vencer !.
Uma gaivota passa ao longe.Um navio também; tão ao longe que sua imagem ia de encontro ao limite do horizonte.
O azul do céu esmaecia, dando lugar a uma alquimia de cores: um amarelo dourado que se tornava amarelo-rosa e, ao fundo, o sol, o astro rei.
Seus pensamentos voavam em torno da finitude: das incertezas dos relacionamentos, da finitude dos entes queridos, da possibilidade de ser feliz no futuro...”será que um dia eu serei feliz ?”, perguntava a si mesma.E assim continuava caminhando, absorta em seus pensamentos.
Este que narra este simplório conto, sou o anjo guardião dessa mulher jovem, bela e saudável.Por mais que sussure belos cânticos em seus ouvidos, por mais que lhe envie palavras de otimismo e exaltação a vida, ela vive sempre assim: pensativa, tristonha e ressentida com o que aconteceu e o que deixou de ocorrer em seu pequeno mundo.
Lamento por ela: daqui a vinte anos, há de querer voltar no tempo, sentir novamente a jovialidade de seu corpo, as sensações daquela cena paradisíaca; haverá de lamentar os olhares masculinos que curiosos por ela passavam, mas não tinham coragem de se aproximar; das belas transformações daquele dia que se encerrava
Mas eu sou um guardião teimoso:continuarei tentando.
Um comentário:
Puxa, anjo...seja teimoso!!!
bjos, muito legal.
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