sábado, 26 de maio de 2007

Caramujos africanos viram praga na cidade



É cada vez maior o número de caramujos africanos no Rio de Janeiro. A Zona Oeste é a área mais atingida. Reconhecida internacionalmente como uma das 100 espécies invasoras mais perigosas, a praga chegou à Zona Sul no início de 2007. Apesar dos esforços do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, a colaboração da população para o combate se tornou fundamental.

Provocam meningite

Eles provocam doenças em humanos e em alguns animais; contaminam o solo e a água; devastam plantações, hortas e jardins. Podem transmitir vermes que causam doenças neurológicas, como a meningite eosinofílica, embora dessa não tenha havido ainda registro no Brasil. Mas também pode passar aos humanos o causador da angiostrongilíase abdominal, doença fatal que ataca os intestinos (perfuração e hemorragia interna) e da qual há centenas de casos registrados no país.

Alternativa ao escargot

Diante disso, é surpreendente acreditar que chegaram ao Brasil, por volta de 1988, trazidos do Leste-Nordeste da África como uma alternativa para se substitutir o escargot na culinária. Afinal, eles podem chegar a 15 centímetros de comprimento e 200 gramas de peso. Cada um equivale à meia dúzia de scargots. Só que o que era para ser uma solução virou uma dor de cabeça, pois os consumidores não apreciaram o sabor, a textura e o aspecto da carne.

Os caramujos então continuavam a se multiplicar rapidamente e a dar gastos aos seus proprietários. Sem acasalamento, segundo a Defesa Civil Municipal, cada um bota 1.200 ovos por ano. Acasalados o número dobra. Foi aí que os criadores começaram a se livrar de maneira inadequada dos bichos, soltando-os em rios, matas, terrenos baldios ou mesmo colocando-os no lixo.

Da Bahia a Santa Catarina já fizeram casa em 15 estados. Viajam nos trens, na carga dos caminhões, onde conseguirem subir. Um dos estados com maior infestação é São Paulo.

Erradicação impossível

Segundo o Ibama, infelizmente, hoje em dia, é praticamente impossível erradicar o caramujo africano no Brasil porque são seres hermafroditas - que se reproduzem espontaneamente - e que se adaptam facilmente a condições climáticas adversas. Embora existam animais da nossa fauna que possam ser seus predadores (alguns mamíferos e aves), a predação não é suficiente.

Controle

Como não existe inseticida ou método de eliminá-los em grande número sem danos para o meio ambiente, a solução agora é o controle por parte da população. A primeira medida é identificar o caramujo africano. O jeito mais seguro é observando a sua concha. Ela é de cor marrom-escuro, com listras esbranquiçadas desiguais, um pouco em zigue-zague.

Os caramujos em geral gostam de locais úmidos e sombreados. Por isso, ao iniciar a busca do caramujo africano em seu quintal, verifique bem os cantos dos muros, as paredes onde não bate muita luz e os lugares em que possa haver acúmulo de galhos, restos de poda, folhas, madeiras, etc. Também são locais muito propícios os restos de construção, entulhos e, em especial, os tijolos furados.

Fogo, sal, terra, sabão

Os animais devem ser catados (um a um) com mãos enluvadas ou protegidas por mais de um saco plástico; depois de reunidos podem ser incinerados ou jogados em algum recipiente com água e bastante sal (nesse último caso, dissolvem-se); morto o caramujo, as conchas não deverão restar inteiras, para evitar que juntem água da chuva, na qual o mosquito da dengue poderá depositar ovos.

O Ibama recomenda fervê-los durante 50 minutos ou então enterrá-los mortos e dentro de sacos em valas de 80 centímetros, jogando cal virgem em cima dos caramujos. Depois cubra a vala com terra. Vale lembrar que essas valas devem estar distantes de poços ou cisternas.

Para evitar que os caramujos africanos presentes em propriedades vizinhas cheguem ao seu terreno, prepare uma mistura de sabão em pó e água, formando uma calda forte, e espalhe sobre o muro. Refaça esse procedimento a cada três semanas ou após cada chuva.

Outra forma de prevenção é observar se as folhas e frutos estão inteiros, ou seja, se não foram comidos por caramujos. Verduras, frutas e legumes devem sempre ser mergulhados em uma mistura contendo uma colher (sopa) de água sanitária para um litro de água, durante trinta minutos. Enxágüe muito bem antes de comer. Despreze sempre os vegetais que tiveram contato com os caramujos.

Outros países também enfrentam problemas

Nos EUA, o caramujo africano foi introduzido no Havaí, em 1939, chegou à Califórnia no final da II Guerra Mundial e alcançou a Flórida, no início da década de 70. Também está presente na Austrália, na Índia e em países do sudeste asiático. Inúmeros esforços, sem sucesso, têm sido feitos nesses países para controlar e erradicar esse molusco das áreas invadidas.

A quem pedir ajuda?

Apesar de todos os problemas, tudo o que o poder público promoveu para defender o carioca foi uma parceria entre a Defesa Civil e os supermercados, para produzir folhetos que ensinem a população a lidar com o molusco. Algumas campanhas de combate também são realizadas pela cidade com ajuda do caramujomóvel (veículo que recolhe os animais), mas ainda são insuficientes. As atenções ainda se voltam mais para o cambate à dengue.

Mesmo assim, em caso de dúvidas e emergências, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil possuem profissionais capacitados para lidar com os caramujos. Os órgãos podem ser acionados pelos telefones 193 e 199, respectivamente.

Fonte: Xico Vargas, Ibama e Defesa Civil




Um comentário:

Bion disse...

Olá!
Incrível!
Eu não sabia nem a metade da história do caramujo africano!
Muito bom o seu post! Que sirva de alerta à todos!
Grande abraço!

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